O DIA DA MORTE


REGISTRO GERAL.


Registro geral.

Segue o homem sozinho em seu caminho, ainda que cercado pela multidão, segue o homem na solidão.

A procura da própria identidade, o homem consulta sua identidade, um pedaço de papel tão nobre quanto uma cédula de grande valor.

Em uma face um retrato que já não retrata o rosto do homem marcado pelo tempo. Uma impressão indica que este homem é único, sem igual.

Na outra face do papel nobre esta escrito o nome deste homem, que nasceu pobre e sem religião, mas é um sobrenome, que fará deste homem nobre então.

Mais do que nome e sobrenome, o homem procura se encontrar.
Sabe onde nasceu, sabe o dia que nasceu, sabe que vai morrer...o homem sabe que não sabe nada.

Jair Santos;
Filósofo de quintal.

UMA QUESTÃO PARA SE PENSAR.


UMA QUESTÃO PARA SE PENSAR .

Conforme as escrituras sagradas "Deus criou homem" e a este concedeu o livre arbítrio, ou seja deu ao homem o poder de decidir seu destino de acordo com a escolha feita por este homem (bem ou mal).
Outra vertente religiosa acredita na predestinação, ou seja; quando Deus criou o homem traçou todo o seu destino, desde o seu nascimento até o dia da sua morte. Nesta especie de código da vida, estaria descrita toda a trajetória deste ser.

Desta forma, partindo do principio da predestinação, não importa o que o homem faça para mudar o rumo que seguirá a sua vida, tudo já está prescrito por "Deus". Vou mais além, dizem os mais fanáticos que Deus criou uns para serem salvos e outros para a condenação.

Vamos pensar na seguinte hipótese: Nasce uma bela criança, cercada de amor e carinho, seus pais com muita dedicação criam esta criança e procuram lhe dar uma boa educação dentro do preceitos que regem a moral e os bons costumes. Há uma grande probabilidade de esta criança se torne um bom homem e suas escolhas sejam pautadas com base no que aprendeu de seus pais. 

Mas segundo estava prescrito no código de vida deste homem, seu fim seria  se tornar um bandido, chefe do tráfico, morto por integrantes de uma facção rival, por fim seria condenado ao "fogo eterno". Quem errou? Deus? Seus pais? A criança que ao se tornar adulto, escolheu as veredas do crime? A resposta segundo a doutrina da predestinação é que foi Deus quem quis que fosse assim então a culpa é de Deus?
Vamos para um exemplo mais poético, Nasce o menino carente numa favela da periferia de São Paulo, tal menino cresce em meio a miséria e toda a sorte de privações, testemunha a violência sofrida por sua mãe diante das agressões de seu pai. Presencia homicídios  e os mais bárbaros crimes, e quando adolescente se torna o chefe do tráfico.

Quando criança, as únicas coisas "boas" que ouvia eram as pregações de um Pastor de uma igreja ao lado do barraco em que morava, ainda que abafado pelos gritos de socorro de sua mãe que apanhava o menino ouvia o chamado para a salvação. 

Mas o chamado para marginalidade foi mais altos que os gritos do Pastor, o garoto revoltado se torna bandido.  Já adulto em um assalto, coloca uma família na mira de seu revolver, uma criança apavorada, chora desesperadamente e suplica por sua vida e pela vida de seu pais. 

O bandido movido pela crueldade, mata toda aquela família, foge mas depois é preso, e enquanto cumpre pena na prisão, ouve novamente um novo chamado para a salvação. Passados poucos anos de pena, o jovem delinquente sai da prisão, beneficiado com uma redução de pena por bom comportamento, teria se convertido dentro da prisão. Aquele homem marcado pela violência, agora estava arrependido e transformado.

Mas o destino foi cruel, ao sair da cadeia volta para a favela e passa a congregar na igrejinha ao lado do barraco onde morava, tem uma bela carreira ministerial, até que se torna pastor. Numa tarde de domingo, durante um culto em praça publica, o pastor eloquente, pregava para aqueles que no passado eram seus comparsas no mundo, porém e alvejado com um tiro no peito e morre no local. O desespero toma conta de todos, mas um irmão conforta a todos que choravam sua morte e diz, "ele esta salvo"! Se arrependeu de seus pecados. Assim então se cumpriu no dia do juízo, o bandido foi salvo.
A justiça de "Deus" torna-se injusta diante da justiça do homem?

Jair Santos
Filósofo de quintal.